Dirigentes da federação nacional (Fenajufe) e do sindicato de São Paulo (Sintrajud) disseram à ministra Cármen Lúcia, presidente do Tribunal Superior Eleitoral, que a categoria espera uma solução para o PCS-4 ainda no primeiro semestre deste ano e que o projeto seja aprovado antes das eleições de outubro. Eles também informaram que os servidores se mobilizam e preparam o início de uma greve nacional, caminho considerado inevitável caso não haja resposta imediata e favorável ao pleito, cuja espera por definição se arrasta há três anos.
Os diretores do Sintrajud levaram para a audiência com a presidenta do TSE, ao final da tarde da segunda-feira (28), exemplares do jornal do sindicato que mostra, na capa, fotos e relato de recente protesto em frente ao Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo, o maior do país. Eles defenderam o direito de greve, ressaltaram o rebaixamento do nível de vida dos trabalhadores por conta de seis anos de salários congelados e disseram que esperam que projeto dos servidores tenha o mesmo tratamento que venha a ser dispensado ao dos juízes.
Autonomia entre os poderes - A proposta dos magistrados - aprovada há pouco na Comissão de Trabalho, Administração e Serviço Público da Câmara - prevê reajuste retroativo a janeiro de 2012, enquanto o parecer do relator do PL 6613/2009, deputado Roberto Policarpo (PT-DF), indica a implantação do PCS apenas em janeiro de 2013 e em parcelas que se estendem até julho de 2014. “Colocamos a urgência que a categoria tem com a questão salarial e que cobra a imediata reunião com quem está impedindo que o nosso PCS seja garantido”, diz Adilson Rodrigues, diretor do Sintrajud, referindo-se à necessidade de que a cúpula do Judiciário exija da presidenta da República, Dilma Rousseff, o respeito à autonomia entre os poderes.
Os dirigentes sindicais também citaram a situação de crescente endividamento da categoria. “Dissemos que alguns [servidores] já nos comunicaram que venderam o carro para quitar o cheque especial e não conseguiram. A defasagem está levando a um grande endividamento, as pessoas não têm mais margem nem para empréstimo consignado”, relata Adilson.
Outros pontos debatidos - O Sintrajud foi representado na negociação pelos diretores Adilson e Antonio Melquíades, o Melqui, que também é coordenador da federação. A reunião da ministra com o Sintrajud estava marcada para o final da tarde de segunda-feira, mas se conseguiu incluir na agenda a audiência com dirigentes da Fenajufe, que aconteceu alguns minutos antes. Representaram a Fenajufe, além de Melqui, o coordenador Cledo Vieira. O presidente do Sinjufego, sindicato de Goiás, também participou a convite do Sintrajud.
A pauta debatida na audiência com o Sintrajud incluiu, além do PCS, assunto prioritário da reunião, a equiparação dos chefes de cartório do interior com os da capital – Cármen Lúcia comunicou que o projeto teria sido remetido na semana passada ao Conselho Nacional de Justiça (CNJ) para que fosse ratificado e encaminhado ao Congresso Nacional. Outros pontos abordados foram os mandados de injunção pelo cumprimento do item constitucional que determina a revisão salarial anual, dos quais ela é relatora no STF, o processo administrativo que pede a ampliação dos quadros da Justiça Eleitoral e a defesa da federalização deste ramo do Judiciário.
Negociações com o Executivo - Ao se referir às negociações pelo PCS, Cármen Lúcia voltou a assegurar que está empenhada na aprovação do projeto salarial dos servidores. Outra vez indicou ver um cenário propício para negociar um acordo com o governo. No entanto, disse não poder garantir nada. Manteve, ainda, a política de dar poucos detalhes sobre as conversas que vem travando. Disse que mantivera contato com seis autoridades, mas citou somente o nome uma, o presidente da Comissão de Finanças e Tributação da Câmara, onde o PL 6613 está parado há dois anos, deputado Antonio Andrade (PMDB-MG), a quem chama de Toninho. Ambos são naturais de Minas Gerais.
“Dissemos a ela que [a nossa preocupação] é que não se cometa o mesmo erro de Peluso [ex-presidente do STF] e Lewandowski [ex-presidente do TSE], que deixaram para negociar o possível acordo depois das eleições de
Respeito ao direito de greve - Ao informar à ministra que a categoria prepara a greve e que o maior tribunal eleitoral do país, o TRE-SP, pode parar, os sindicalistas pediram respeito ao direito de organização sindical e de greve. De acordo com Adilson, disseram que o objetivo da “paralisação é buscar o diálogo, negociação e a aprovação ainda este semestre”. Ressaltou que o sindicato não aceitará “tentativas de intimidação com cerceamento do direito de greve, que é assegurado a cada servidor e é inaceitável após seis anos de salários congelados”.