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Notícia

Dia do Indígena: pandemia altera tradições e deixa mais vulneráveis povos tradicionais

Data reafirma resistência de um povo e chama atenção para os desafios de manter a cultura e tradições na pandemia

O Dia do Indígena foi criado no Congresso Indigenista Intramericano, realizado no México entre os dias 14 e 24 de abril em 1940. O evento foi criado na época para debater medidas de proteção aos povos tradicionais e seus territórios. Ainda hoje, a defesa pelo direito territorial é a maior bandeira de luta desses povos tradicionais.

A Constituição de 1988 representou um avanço importante ao criar um sistema de normas a fim de proteger os direitos e interesses dos indígenas. No entanto, a maioria desses direitos são violados. Desde tempos remotos, essas populações enfrentam a invasão e exploração ilegal de suas terras pelo latifúndio e fazendeiros alimentados pelo capitalismo.

Além da luta em defesa de direitos que tem ocasionado muitas mortes na população, este ano os povos tradicionais convivem com a invasão de Covid -19 nas aldeias e que já matou mais de mil pessoas. A informação é do comitê criado pela Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (APIB). Ainda de acordo com o comitê, a falta de políticas públicas de enfrentamento ao coronavírus pensadas especialmente para a população indígena, o país registra 50.468 casos de contaminação confirmados em 163 etnias atingidas.

Além de agravar a vulnerabilidade dos povos indígenas, a pandemia do novo coronavírus tem impedido também que atividades culturais sejam realizadas, impondo mudanças em tradições milenares. Rituais e danças sagradas tiveram que ser canceladas ou reinventadas. Essa nova realidade atinge comunidades localizadas nos vários estados brasileiros. Em alguns, situações peculiares dificultam ainda mais a luta da população.

O Comitê Nacional de Vida e Memória Indígena alerta para a subnotificação. Segundo o próprio comitê, a falta de teste e de identificação da população indígena, pode ter mascarado os dados, fragilizando o trabalho da Secretaria Especial de Saúde Indígena, o que pode levar a outra realidade.

A Fundação Nacional do Índio (Funai) não comenta sobre as mortes nas aldeias, mas afirma que tem dado atenção específicas no combate à doença. A Funai informa ainda que mantém o compromisso de diálogo permanente com as lideranças indígenas de todo o Brasil e esclarece que tem reforçado as ações de prevenção da covid-19 em trabalho realizado em conjunto com a Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai), responsável pela saúde indígena no Brasil, e órgãos locais.

Nesta data, o mais importante acima de tudo é respeitar territórios, cultura e tradições do povo que foi o início de toda a história. Ressaltar os avanços nas políticas de inclusão social e preservar os seus direitos constitucionais garantidos. Indígena não é fantasia para ser usada no carnaval, respeite!

 Joana Darc Melo, da Fenajufe